terça-feira, 28 de abril de 2009

Gostaria de entender?

Diz o dicionário (pai dos burros) que o desejo de aprender, de saber, de informar-se, de desvendar, entre outras, são qualidades de uma pessoa curiosa. Cheguei à conclusão que, se a Universidade é o centro de criação/produção de conhecimento e difusão do saber, logo deve ser um local onde existem muitos curiosos. Me enganei. Ao contrário, não há curiosos na Universidade, a prova disso é que poucos (na verdade, pouquíssimos) vão terminar de ler esse texto. Mas posso ser ousado, aconselhando a ler até o fim, pois vale à pena e seria uma pena você não ler, assim como seria uma pena fechar um curso que finge ensinar, pesquisar e estender, não é verdade?

Em seu artigo 206, a Constituição federal diz sobre a qualidade da educação geral, no inciso VII, sobre a garantia de padrão de qualidade e no artigo 207 diz que na universidade deve-se respeitar o princípio da indissociabilidade do Ensino, Pesquisa e Extensão. Dessa forma, é preciso perguntar que qualidade, que pesquisa, que ensino e que extensão acontecem sem laboratórios, sem campo experimental, sem aulas de campo? Salvo engano, não é possível fazer um curso superior em uma universidade pública aconteça fora dos princípios assegurados pela constituição federal.

Mais se a Universidade, ou Campus, ou Curso não cumpre com o que a Lei determina o que acontece? O MEC faz a avaliação dos Cursos de Graduação através do Inep que conduz todo o sistema de avaliação de cursos superiores no País, produzindo indicadores e um sistema de informações que subsidia tanto o processo de regulamentação, garantindo a transparência dos dados sobre qualidade da educação superior a toda sociedade.

“A avaliação é feita por instrumentos que subsidiam a produção de indicadores de qualidade e os processos de avaliação de cursos desenvolvidos pelo Inep. Que são o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e as avaliações in loco realizadas pelas comissões de especialistas que verifica as condições de ensino, em especial aquelas relativas ao perfil do corpo docente, as instalações físicas e a organização didático-pedagógica.”

O ensino da UNEMAT com certeza deve ser o melhor do Brasil, pois os nossos professores têm o melhor salário do Brasil! Os professores da UNEMAT têm maior salário entre todas as Universidades do Brasil, vocês (curiosos) sabiam disso? E a UNEMAT é a única Universidade do Brasil que oferece o regime de DE (dedicação exclusiva) como OPÇÃO de trabalho a todos os seus professores. E é importante ressaltar que essa é uma conquista histórica de trabalhadores, um verdadeiro exemplo da UNEMAT as outras Universidades, e o salário é merecida, pois valoriza e incentiva os profissionais da educação, incentivando essa profissão tão digna e fundamental no processo de desenvolvimento de nosso país. Parabéns a UNEMAT que valoriza seus docentes! Agora os docentes tem que se valorizar, e fazer valer os seus respectivos salários. Demonstrar- principalmente aos nossos governantes- que o investimento em educação é valido, justo e importante. Como demonstrar isso? Cumprindo a sua obrigação de desenvolver pesquisa, ensino e extensão de qualidade.Sendo profissionais exemplares. Garantindo a formação de profissionais realmente qualificados. Com ensino de qualidade.

Dentre outros pontos, para se ter um ensino de qualidade é necessário que todos cumpram o seu papel: professor dê aula, estudantes estudem e os representantes eleitos adimistrem e conquistem melhoras para a universidade. Dentre esses assuntos, comentarei o que mais tem me incomodado nos últimos tempos: a situação de dedicação exclusiva (DE). A revelia, uma minoria de professores que cumpre verdadeiramente o seu papel, especialmente quanto ao ensino.

Mas que é essa Dedicação exclusiva? A dedicação exclusiva é uma opção de trabalho, o professor tem o direito que requerer-la ou não (exceto para cargos de administrativos como reitor, coordenador de campus e/ou chefe de departamento onde ao assumir o cargo já ganha dedicação exclusiva). Ao se optar pela dedicação exclusiva o professor assume o compromisso de dedicar-se único e exclusivamente a Universidade. Ou seja, deverá manter vínculo exclusivo com a UNEMAT, não podendo exercer outra atividade remunerada, com ou sem vínculo empregatício, em instituição pública ou privada, ou como profissional liberal (por exemplo, um escritório). A dedicação exclusiva é um grande investimento da Universidade em qualidade, pois professor dedicará todo seu tempo para desenvolver as atividades de ensino, pesquisa e extensão.

Para se ter ensino de qualidade é necessário ter aula. Mas é o professor que não cumpre a carga horária do curso, a ementa, os créditos- as aulas de laboratório, praticas, ou de campo- haverá qualidade no ensino? Como garantir a qualidade sem o cumprimento desses requisitos básicos exigidos pelo MEC.

E alguns professores descumprem - fingindo desconhecer- esses requisitos. Não são todos e nem a maioria, justiça seja feita aqueles que são comprometidos com a nossa Universidade, que se dedicam e fazem valer o investimento público. No entanto, temos que admitir e expor que alguns sequer aparecem na faculdade. Devido a esses professores a coordenação implantou um livro ponto, cujo objetivo é garantir a freqüência dos professores e punir caso ocorra faltas injustificadas. O livro ponto foi -sabiamente- denominado nos corredores de livro de ‘tonto’. Pois nenhuma atitude é tomada com aqueles que faltam. Isso é corporativismo? Sim, corporativismo, pois não é dever apenas de estudante exigir qualidade de ensino. Os professores também têm esse dever, e mais os coordenadores e chefe de departamento além do dever tem a obrigação de fazê-lo, pois foram eleitos para representar e garantir a ordem e o bom funcionamento do Campus e/ou do Curso, além de receber gratificação extra por isso.

Aqui, não estou interessado nas lições de moral e ética: só quero que se cumpra a lei, pressuposto fundamental do estado de direito. Ainda, como pode alguém que tem a obrigação formal de fazer cumprir a lei dentro da universidade quanto ao trabalho em Regime de Dedicação Exclusiva se este mesmo, a exemplo do curso de direito em Cáceres, pesa a suspeita do mesmo não cumprir com a obrigação? Parece que quanto mais salafrário, maior a idolatria por parte daqueles que não estudam a esses professores picaretas. Esses que idolatram, numa atitude rasteira, vil e imbecil não conseguem pensar que quanto mais picareta for seu professor, menos a qualidade e maior o risco do não reconhecimento do curso. Nem aqueles que estão preocupados em ter somente o tal “canudo”, deve ficar de fora deste debate, pois se o curso “fechar” terá problemas para ser diplomado ou terá estudando num curso que “fechou”.

Uma vez um professor Doutor me disse: esse diploma - pedaço de papel – de doutor não serve nem pra limpar a b...o que vale realmente é o conhecimento! Mas se alguns da Universidade fingem transmitir conhecimento, me pergunto que será que serve esse papel fornecido a um graduado? E se a constituição, o MEC, e INEP determinam qualidade, e não tem qualidade (para não dizer que não há ensino), até quando a farsa persistirá?

A nossa omissão acoberta esses maus profissionais, e nos tornamos farsantes, e prejudicamos a imagem e a moral da Instituição, e somos todos (coordenadores, chefes, professores, estudantes) co-responsáveis , mas até quando? Somos todos coniventes, mas até quando? Somos todos omissos, mas até quando? Somos todos Universidade, mas até quando? É mais fácil sermos sócios na acomodação, mas até quando?

Para seguirmos a lógica democrática de cumprimento de direitos e deveres temos apenas uma opção: mudar nossa filosofia e postura, e cada um (todos) cumprir seu dever- o professor ensinar, o estudante aprender, e ambos de pesquisar e estender. Um primeiro passo foi escrever esse texto informado a comunidade acadêmica, o próximo poderá ser denuncia de coordenadores, chefes ou professores que não cumprem com suas atribuições. E você? Se quer que seu diploma sirva para algo útil melhor agir, e logo, pois o reconhecimento é a cada 03 anos, e se não estou enganado o ultimo foi em 2006, ou seja?

Aos curiosos que chegaram até aqui: primeiramente parabéns. Mas, quais são esses Campi? Quais são esses cursos? Quais são esses professores? Quem são esses cordenadores? Quem são esses chefes de departamento? Quando será mesmo o reconhecimento de curso? Também gostaria de entender.

Ass: Sujeito tentando entender.

6 comentários:

  1. O problema é que quem deveria saber até sabe quem são as pessoas, o que deve ser feito....
    mas ai como foi citado esbarra no corporativismo, na "camaradagem", e fica assim...ficamos sem entender e eles fingem que não sabem!

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  2. O sabio pode ser chamado de pai dos burros???
    Aquele que reconhece seu desconhecimento e busca a sabedoria do sabio pode ser chamado de BURRO???
    Pois então, deixemos de discursos retóricos, e principalmente, deixemos de lado nosso preconceito burguês, e reconheçamos que não somos detentores de todo o saber e repetidores de discursos alheios.
    O dicionário é o pai dos sábios.

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  3. Já dizia um poeta que: “o louco que persistir na sua loucura será sábio”.

    Eh o burro poder ser sábio ou louco? Se pensar de forma simplista será louco, pois quando não deseja fazer algo fica parado (a não-ação) em forma de protesto, e desobedece a ondem- mesmo apanhando. Por essa reação de não fazer o inoportuno ou que pode ser prejudicial a ele, poderia muito bem o burro ser considerado sábio.

    O mundo não pode ser interpretado com uma viseira- aquela que os seres humanos colocam nos burros para não enchergar os horizontes, sob pretesto de qeu eles possam se assustar. Mas é fundamental a liberdade o horizonte completo para que realmente possa enxergar?

    No entanto, atentando se um instante, o PAI DOS BURROS na citação dos autor do texto, tenta mostrar o burro não como um ser estático, definido, absoluto. Ao contrario, ele questiona o próprio dicionário que tem uma definição que pode não ser a verdade absoluta. eh existem verdades absolutas?

    Ah...analisando com outras visões. Se os seres humanos estão em processo continuo dos aprendisagem o dicionario pode ser pai dos curiosos (se essas definições servirem para contruir as suas proprias e modifciando ou melhorando os conceitos) ou pai dos inertes (se o que estiver escrito for tido como verdade absoluta).

    Mas acho que temos que ler o texto inteiro pra poder concluir, ou o texto se resume a pai dos burros?

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  4. E quanto corporativismo existe!

    eh muito engraçado a comparação que fazem, quando se diz respeito a $alário de professor, comparam a Unemat com outras instituições conceituadas como... Usp, Unb, Unicamp e etc... querem sempre ganhar mais que as outras... Mas quando se fala em pesquisa... Em trabalho! Aih dizem que a Unemat esta engatinhando... Ora... Se um bom número de professores engatinha, que aprenda a andar... a pesquisar... a trabalhar... Antes de assinar o termo de DE e ganhar um $alário absurdo... Realmente absurdo para quem não faz nada, bom... Pensando bem fazem... O mínimo que fazem em assumir algo opcional sem competência e com enrolação é roubar dos cofres públicos.

    Extinção aos parasitosauros já!

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  5. Olha, juro que tentei, mas tenho obrigação moral de comentar. Para tanto, para responder ao segundo comentário, vou usar um texto do nosso querido Bertold Brecht, mesmo correndo o risco de não ser entendido, ou compreendido de acordo com a conveniência pós-moderna, de flexibilizar e psicologizar tudo o que é dito, lido, ouvido e outras formas de recpção discursiva... lá vai:
    O ANALFABETO POLÍTICO
    O pior analfabeto
    É o analfabeto político,
    Ele não ouve, não fala,
    Nem participa dos acontecimentos políticos.
    Ele não sabe o custo da vida,
    O preço do feijão, do peixe, da farinha,
    Do aluguel, do sapato e do remédio
    Dependem das decisões políticas.
    O analfabeto político
    É tão burro que se orgulha
    E estufa o peito dizendo
    Que odeia a política.
    Não sabe o imbecil que,
    da sua ignorância política
    Nasce a prostituta, o menor abandonado,
    E o pior de todos os bandidos,
    Que é o político vigarista,
    Pilantra, corrupto e lacaio
    Das empresas nacionais e multinacionais.

    Anderson Flores

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  6. Cambalache

    (Enrique Santos Discépolo versão Raul Seixas)
    Que o mundo foi e será uma porcaria eu já sei
    Em 506 e em 2000 também
    Que sempre houve ladrões, maquiavélicos e safados
    Contentes e frustrados, valores, confusão
    Mas que o século xx é uma praga de maldade e lixo
    Já não há quem negue
    Vivemos atolados na lameira
    E no mesmo lodo todos manuseados
    Hoje em dia dá no mesmo ser direito que traidor
    Ignorante, sábio, besta, pretensioso, afanador
    Tudo é igual, nada é melhor
    É o mesmo um burro que um bom professor
    Sem diferir, é sim senhor
    Tanto no norte ou como no sul
    Se um vive na impostura e outro afana em sua
    Ambição
    Dá no mesmo que seja padre, carvoeiro, rei de paus
    Cara dura ou senador
    Que falta de respeito, que afronta pra razão
    Qualquer um é senhor, qualquer um é ladrão
    Misturam-se beethoven, ringo star e napoleão
    Pio ix e d. joão, john lennon e san martin
    Como igual na frente da vitrine
    Esses bagunceiros se misturam à vida
    Feridos por um sabre já sem ponta
    Por chorar a bíblia junto ao aquecedor

    Século xx "cambalache", problemático e febril
    O que não chora não mama
    Quem não rouba é um imbecil
    Já não dá mais, força que dá
    Que lá no inferno nos vamos encontrar
    Não penses mais, senta-te ao lado
    Que a ninguém mais importa se nasceste honrado

    Se é o mesmo que trabalha noite e dia como um boi
    Se é o que vive na fartura, se é o que mata, se é o
    Que cura
    Ou mesmo fora-da-lei

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